Percepção da Beleza
Ouvir; ver; tocar; compartilhar;
refletir; amar; sofrer; se alegrar; rir. E também se entristecer e chorar.
Arrazoar... Cada ação produzida, cada sensação percebida, acrescenta em nós
algo que talvez não percebamos.
Cada acréscimo produzido, por cada
ação produzida, por cada sensação percebida e por cada reflexão arrazoada, pode
produzir beleza - que pode ser percebida, admirada, ponderada e transmitida.
Não deixe de se apropriar de suas
sensações, e de suas ideias. Não as desperdice.
Sobre tudo que te vem à tona,
escreva; fotografe; fale. Ouça as mensagens de suas sensações, de suas ideias e
dos lampejos de revelação. Se não as compreende, procure decifrá-las.
Há mensagens em tudo. Quase
poderíamos acrescentar que há beleza em tudo. Se por agora não o asseveramos é
por que o atual movimento da dor e da miséria no mundo, ainda não nos permite
dizer que há beleza em tudo, porém, podemos afirmar que em quase tudo há
beleza.
Mas ,enfaticamente, ainda podemos
afirmar: Há beleza!
Há beleza no silêncio e no barulho.
Depende da disposição em colhê-la. Tantos monastérios, tantos caminhos e
lugares isolados, porém procurados. Mas também, tanto público para as barulhentas
bandas Heavy Metal. Para diversificadas e agitadas baladas. Para a gritaria das
igrejas pentecostais e os frenesis de terreiros.
Há beleza no feio – fotografe um
fungo com um toque diferente, que você encontrará beleza. Fotografe um
indivíduo, em que ninguém vê beleza, com um olhar que procura o belo, que você
encontrará beleza. Tantas fotos lindas que retratam a aparente ausência de
beleza.
Há beleza nos maus momentos – tantos
leitores e espectadores para um drama. Desde a Grécia antiga a Tragédia, que
fazia mover o coração dos homens era concorrida.
Há beleza nos sofrimentos – eles são
matéria prima para poetas, romancistas, filósofos, músicos e místicos e outros
espiritualistas. É Recitada em rimas, soprada em sonetos e refletida nas
poesias modernistas e nas ponderações filosóficas. Tantos clássicos literários
em torno à tragédia. A tragédia nordestina fez de Graciliano, de um simples
alagoano, um escritor internacional. Tantos livros fazem da dor uma joia
literária, que o digam os leitores de Tostoi e Dostoievski. Quantos blues
executados, chorando a dor com as cordas de guitarra. Quantos chorosos bluesmens ovacionados.
Talvez, só não há beleza na morte,
pois ela encerra possíveis colhedores de beleza que enxergam beleza onde não
há(via).
Talvez..., porque em algumas mortes
há a Beleza da germinação.
Lailson Castanha
Para as Belas pessoas que fazem parte
da minha simples vida. Que talvez seja bela, por ser simples. E em sua
simplicidade, não pretender a beleza da complexidade – que não enxerga.
- “Tomas. No que você está pensando?”
- “Estou pensando em como eu sou
feliz.”
(A insustentável beleza do ser. O
filme. Da obra de Milan Kundera)