segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Escrevo e descrevo

ESCREVO E DESCREVO

Essa passagem linda chamada vida é privilégio grande para não ser retratada.
Escrevo porque vivo, e porque vivo vida de gente: gente que pensa, percebe, vê, sente e por isso escreve.
Escrever, é, também, testemunhar. É retratar por escritos belas e terríveis sensações, que por suas peculiaridades, pela riqueza de serem únicas, não devem ser ignoradas e nem sofrer o desprezo chamado omissão.
Escrevo o que vivo e o que penso que vivo, mas se pensar é também viver, escrevo minha existência, escrevo o que sou - e sou, como ensina o Mestre Ortega -, eu e a minha circunstância.
Escrevo porque valorizo a existência e o seu repertório de experiências a mim dispensado. Me apropriando de um dos itens do menu existencial, escolho um prato de meu cardápio existencial: uma experiência que vivi, na forma de uma paisagem que conheci, de uma pessoa que me encantou, ou me aborreceu, entre outras experiências, e escrevendo, me alimento e oferto a mesma alimentação por mim digerida, em palavras, para que me lê.
Escrevo e descrevo porque, assim fazendo, me alimento e, penso: te alimentarei, quando leres o item que - exposto diante de teus olhos, te ofereço -.

Lailson Castanha

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