sábado, 27 de março de 2010

Onde estão os vocacionados?


Na observância dos acontecimentos cotidianos e das ações tomadas em nosso dia a dia, percebemos por parte dos cidadãos, a quase que total falta de compromisso com a promoção de mudanças efetivas em nossa sociedade. É verdade que cresceu em nosso país o número de escolas de graus secundários e superiores, foi plantado em solo brasileiro um número gigante de igrejas, programas de debates sobre os mais variados temas são vistos em nossa televisão, mas, apesar disso, não vemos verdadeiras intenções com a finalidade de promover mudanças, e muito menos, verdadeiras mudanças. Percebemos a continuidade das calamidades que solapam nossa sociedade travestida em outros formatos. Parece que vivemos no reino das aparências, onde o faz de conta substituiu o fazer real, onde o aparente tomou lugar do realmente, onde o incompetente se sobrepôs ao competente Assistimos programas de filosofia onde os doutores que se apresentam, apesar de ostentarem títulos pomposos, não expressam suas ideias, por se proporem a ser apenas comentaristas de pensamentos alheios. O mesmo se dá com clérigos, professores, artistas, etc. Parece-me que os aproveitadores tomaram o lugar dos vocacionados. Se, verdadeiramente assim ocorre, se isto acontece realmente, responder a natural indagação que se segue faz-se pertinente e necessário, a saber:

onde estão os vocacionados? e por que não se ocupam de sua vocação?

Pode parecer que evoco a utopia platônica quando falo em vocacionados se ocupando de sua vocação. Não posso negar que em me utilizo das ideias do grande filósofo Platão, mas não a abraço como a única mensagem em prol de uma apropriação devida nos afazeres sociais. Recorro também as Escrituras Cristã, na alegoria do corpo, em que somente um é o cabeça (Cristo) e os demais integrantes do corpo, cada qual como membro, exercem suas devidas e respectivas funções. Com essa lógica, cada qual agirá de acordo com sua vocação, e não exercerá funções inadequadas, agirão de acordo com suas peculiaridades espirituais e existenciais.
A impropriedade nos cargos chega a ser assustador. Logo no primeiro escalão da pirâmide social, percebe-se os malefícios que tal situação acarreta a sociedade. Vemos governantes sem nenhuma intimidade com o ofício de administrar, e por conta dessa inadequação, engendram muitas mazelas e problemas na a sociedade que intentam administrar. Diante desse quadro, que solução se apresenta como adequada? Ficarmos acomodados na situação de reféns da desordem promovida por manobristas desqualificados, que agem em todos os campos de nossa atual sociedade, ou buscarmos a aplicação de reformas sociais, a fim de desenvolver uma sociedade justa, equilibrada e sadia, onde cada um possa exercer as funções que lhe competem e incitar aos que não conhecem a sua vocação, alcançá-las para também colaborar com o equilíbrio social. Essa reforma tem começar em nosso intimo, é necessário primeiramente desejar mudanças para se engajar na luta por transformações. Enquanto não tivermos noções de cidadania e de vocação não lutaremos por mudança nem por adequação nos mais variados circulo de atividade social.
Onde estão os vocacionados? Creio que estão acomodados, conformados com o que conquistaram ou com o que deixaram de conquistar. Estão conformados com a sua também inadequação existencial e social, conformados em exercer atividades que não estão em sintonia com a sua vocação e com suas aptidões. É necessário reagirmos e lutar pela efetivação de nossa vocação na sociedade em que estamos inseridos, e pela manutenção daqueles que não estão correspondendo com as responsabilidades que assumiram .
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Lailson Castanha
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2 comentários:

  1. Pura verdade! Infelizmente vivemos num mundo repleto por muitos profissionais e poucos peritos, muitos professores e poucos entendidos, muitos crentes e poucos cristãos, muitos discipulos e poucos praticantes, muitos polítios e poucos governantes, e por ai vai a extensa lista da incompetencia e hipocrisia! Parabens pelas reflexões e alegro-me em ver que ainda há almas sensíveis e em cuja postura se compreende a preocupação com a verdade e o bem comum!

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  2. Leila, você já pensou sobre nossa responsabilidade, em multiplicar o dom que Deus nos deu, e assim, transmitir sua graça, através do uso da vocação, a nós atribuída? Pois, só podemos denunciar a ausência de adequação nas práticas vivenciadas em nossa sociedade, se vivermos adequadamente, ou, se, pelo menos, buscamos a vivência adequada. Do contrário, resta-nos o silêncio conivente, como única opção coerente.

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