sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Intelectual por excelência.

Intelectual por excelência.

“Porque não basta compreender, é preciso fazer. O nosso fim, o fim último, não é desenvolver em nós ou em torno de nós o máximo de consciência, o máximo de sinceridade, mas assumir o máximo de responsabilidade e transformar o máximo de realidade à luz das verdades que tivermos reconhecido."(Emmanuel Mounier)

Quando falamos em intelectual, logo, surge-nos ideias como: pessoa com um vasto conhecimento; pessoa com muita cultura. Acrescida a essas ideias, vem-no a mente, de maneira implícita, que intelectuais são pessoas diferentes, reservadas, participantes de círculos acadêmicos ou intelectuais, que se distanciam das pessoas simples ou de ambientes não cultos.
Muito diferente dos conceitos que nutrimos sobre intelectual, idealizado como homem ou mulher de discursos e de gabinete, os filósofos franceses Jean-Paul Sartre e Emmanuel Mounier, em suas convicções e posturas se não eliminam esse equívoco, ajudam a desfazê-lo.
Sartre entendia que o papel do intelectual era o de ser porta voz da sociedade em que estava inserido. Segundo eles, intelectual, por definição, deve ser um sujeito que reflete sobre o seu mundo, sobre o seu tempo e os acontecimentos. Porém sua reflexão, longe de mantê-lo inativo, deve levá-lo à engajamentos de caráter humanitário. Sartre inclusive chega a distinguir a figura do cientista da figura do intelectual – apresentando os pesquisadores que não tem como finalidade última de sua pesquisa, conquistas humanitárias - como cientistas, ao passo que apresenta os pesquisadores engajados em prol da civilização humana, como intelectuais (1).
Emmanuel Mounier, com o seu personalismo, defendia que qualquer atividade intelectual deve ser uma atividade em prol da pessoa humana, com isso, implicitamente admite que o intelectual não deve ficar preso a espaços de ideias, com seu conhecimento deve agir em favor da sociedade humana.(2). Mounier denuncia os acadêmicos, por ele chamados de colecionadores de erudição, como meros pedantes que se aprazem com as apresentações de teses, independentemente da relevância humana ou social.
O Brasil conta com um grande intelectual -, intelectual como defendido por Sartre e Emmanuel Mounier, ou seja, um conhecedor e pesquisador engajado. Trata-se do Dr. Miguel Nicolelis.
Considerado o maior cientista brasileiro da atualidade, e um dos maiores cientistas do mundo, o neurocirurgião, Dr. Miguel Nicolelis visa introduzir educação científica em uma das regiões mais pobres do Brasil, com o intento de provar que a educação científica, além de promover desenvolvimento científico, promove desenvolvimento social. Escolheu sertão do Cariri, no estado do Rio Grande do Norte para dar provas a sua convicção. Usando a rispidez do espaço geográfico como figura das dificuldades existenciais e sociais, Nicolelis, no uso dessa figura emblemática, pretende mostrar a possibilidade da florescência de sementes culturais, intelectuais e socioeconômicas, mesmo em lugares onde a miséria social e as dificuldades geográficas impõem marcas de hostilidades. Além disso, investindo no sertão, está a contribuir pela descentralização do conhecimento e produção científica no Brasil, com uma região que não conta com investimentos - oferecendo oportunidades a partir da educação para as crianças da região.
Pensar na sociedade, pensar nos pobres, pensar no desenvolvimento humano deve ser a busca de qualquer pesquisador, de qualquer cientista. Torna-se um intelectual, o pesquisador que exerce o seu intelecto, a partir de seu campo de pesquisa, em favor de avanços que beneficiem a comunidade humana, e, que ajude a eliminar as desigualdades sociais, a falta de acesso educação, saúde, cultura, emprego, tecnologias e por fim último, a pobreza, além de incitar outras pessoas a seguirem o mesmo objetivo.
O Dr. Miguel Nicolelis com suas ideias, associadas a práticas efetivas deve ser colocado como exemplo para um novo perfil de pesquisador – o pesquisador engajado – em prol de pessoas. Na vivência de suas convicções criou no Nordeste Brasileiro:
Instituto de pesquisa; centro de iniciação científica para jovens alunos da rede pública, instituto de saúde para a mulher (para as mães de seus alunos) -, além de importar cientistas brasileiros residentes no exterior inaugurando o campus do cérebro.
Devemos valorizar figuras como o Dr. Miguel Nicolelis que fazem uso de seu intelecto em prol de avanços humanitários - divulgando suas posturas e práticas. Pessoas como Nicolelis têm qualidades para influenciar novos pesquisadores a também se engajarem a favor de avanços humanitários. Se a academia incita seus pesquisadores a buscar conhecimento para contribuir com a sociedade humana, consequentemente avançaremos em qualidade de vida.
Já era tempo de a era dos pesquisadores pedantes – pseudo-intelectuais ruir. Já é tempo de surgir um novo momento cultural, em que conhecimento também esteja associado a compromisso comunitário e humano, e inaugurado esse nesse novo tempo, no Brasil, Dr. Miguel Nicolelis pode ser, com todos os méritos, patrono.

Lailson Castanha

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(1) SARTRE, Jean-Paul. Em defesa dos intelectuais. São Paulo: Ed Ática, 1994.
(2) MOUNIER, Emmanuel. Manifesto ao serviço do personalismo. Lisboa: Livraria Moraes Editora, 1967.

Conheça um pouco mais o Dr. Miguel Nicolelis e seus projetos no Nordeste Brasileiro.
IINN – ELS
http://natalneuro.org.br/
Vídeo:
Mayara e Mariana
http://tvcultura.com.br/janelabrasil?sid=150
Vídeo:
Revista Galileu: Miguel Nicolelis, a mente brilhante da ciência brasileira
http://www.youtube.com/watch?v=rMS1oQLV25Q

Foto: Dr. Miguel Nicolelis

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